21 de out. de 2010

Vai em Paz

 Dia vinte e um. Um dia diferente dos outros, pelo simples motivo de ter sido um dia complicado para mim. Em minha andança sem rumo, encontrei um alvoroço. Um grande grupo de desocupados levavam as mãos à boca, e lamentavam mais uma vida que havia partido.
No centro do grupo, havia um corpo, envolto em sangue. Ele havia se jogado do 11° andar do prédio da faculdade onde lecionava – ele possuía Pós Doutorado.
Fiquei paralisado, com as mãos trêmulas, e ao mesmo tempo, me identificando com aquele homem, que nem ao menos conhecia. Parecia sofrer tanto, mas ainda assim, viver com a esperança. Acho que hoje, ele cansou de esperar por ela.
Por meio das conversas das pessoas ao redor, descobri seu nome, que tinha mulher e filhos, e possuía também um blog, ao qual decorei o endereço rapidamente.
Parti, ainda tentando entender a angustia que sentia no peito. O que leva alguém a acabar com a vida? Pra que tentar fugir dessa maneira? Talvez ele não visse a morte como uma fuga, mas sim como a única esperança. Talvez ele tenha se esquecido de Cristo.
Acessei seu blog, e o que li, fez meu mundo girar. Em meio a um fundo branco, as palavras escritas em preto pulavam para meus olhos, e li a postagem no mínimo quatro vezes, para tentar digerir. Ele escrevia tão bem, mas aquela postagem me passava algo tão triste.
Mostrava um homem crescido, que lutou na vida, completamente derrotado, disposto a por fim na sua vida, por vários motivos que eu desconheço, assim como desconheço sua própria feição. Assim como ainda me desconheço.
Senti saudades das conversas que nunca tivemos, e das ideias que poderíamos ter em comum. Talvez eu pudesse ajudar, talvez... Isso tudo é tão estranho.
Estando ali, no chão, seu olhar não tinha brilho, e não se podia ver nada através de seus olhos tristes. Acredito que durante a vida, ainda era assim. É pena que uma vida tão brilhante tenha se perdido em meio a ideias erradas, pensamentos deprimentes e falta de fé.
Não sei por que me deixei afetar por tudo isso, afinal, centenas de pessoas se matam no mundo por dia. Mas a morte desse amigo que nunca conheci me afetou, e não ligo para isso. Afinal, sou humano, e tenho sentimentos.
Gostaria de conseguir escrever exatamente o que sinto, mas creio que não serei capaz. Juro que tentei, mas a única coisa que saiu, foram essas palavras sem sentido, linhas tortas, e ideias inexatas.
Espero meu caro Amigo, que você tenha encontrado a paz que tanto procurava, e que nesse momento, Jesus esteja te recebendo, com o mesmo carinho que Deus te criou.
Um forte abraço, desse Amigo que você nunca conheceu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário