13 de jan. de 2011

Desmoronamentos

                - Centenas de pessoas morrem em desmoronamento no Rio de Janeiro.
                Ouvi isso hoje, passando na frente de uma loja de eletrodomésticos. Muitas pessoas, assim como eu, ficaram ali paradas, esperando maiores informações. Outras passavam apressadas, com seus celulares no ouvido e seus sentimentos guardados no bolso.
                Enquanto olhava fixo para a televisão, pude reparar que ao contrario dos outros deslizamentos que já presenciei, esse não atingia somente os pobres, mas os ricos também.
                Grandes casas desmoronadas, assim como famílias também. Vi um homem que chorava, dizendo que viu a mulher ir embora com a enxurrada. Emocionei-me e fiquei sem saber o que pensar.
                A natureza mais uma vez mostrou quem é que manda nesse mundo. Já passou da hora do homem ver que o dinheiro não é tudo, e que toda essa tragédia aconteceu por imprudência. Ou vocês acham que construir casas ao lado de um morre íngreme, totalmente inseguro, onde sempre houve constantes acúmulos de água, é algo coerente? Não né?
                Arrisco dizer que avisos foram dados, como aquela vez que parte de um morro desabou na entrada de um túnel, e o mais recente, onde um grande deslizamento de terra acabou com diversas vidas também. Era de se prever.
                Dessa vez o estrago foi maior, e atingiu também pessoas que por ter dinheiro, talvez se achassem inatingíveis por esses “desastres” de pobres. Talvez. Não os culpo, porque realmente isso só tinha atingido a classe baixa, pelo menos ultimamente.
                Entristeço-me com tudo isso, porque vivo em um país onde o que importa é cobrar impostos, e não proteger a população que luta pra viver.
                Logo depois, vi uma declaração da nossa querida Dilma dizendo: “A população pode esperar medidas firmes”. Com todo respeito querida Dilma: Firme tinha que ser a terra do morro que desabou. E de que adianta medidas “firmes” se agora centenas de pessoas já morreram? De que adianta? Será que a senhora só vai tomar atitudes dignas de uma líder quando um monte de lama incontrolável invadir a ‘sua’ casa? Crie vergonha na sua cara, sua incompetente, e proteja o povo que te elegeu. Quanto a mim, não se preocupe que não votei na senhora.
                Meus sentimentos para as famílias, e que Deus conforte os corações de quem precisa.

9 de jan. de 2011

O Dilema das Favelas

Domingo quente; muito ensolarado. Eu diria que é um lindo dia aqui na minha cidade.
Acordei hoje de uma noite calma de sono, porém, muito fria. A fome me chamou, e sai pelas ruas tentando achar alguém de bom coração disposto a me ajudar com um almoço.
Como de costume, passei na frente do barzinho onde geralmente encontro pessoas dispostas a me ajudar. A televisão estava ligada, e o começo do meu mau humor se encontrava nesse fato.
Uma reportagem na rede globo de televisão. Criançinhas sorrindo, correndo pra lá e pra cá no meio de uma quadra, localizada na favela do Alemão. Sentei-me em uma mesa para poder assistir com calma. As pessoas me olharam, mas logo se esqueceram de mim e voltaram aos papos de sempre no balcão.
Em tom vitorioso, a matéria seguiu, contando como as crianças da favela agora tinham a chance de se manter longe das drogas por consequência desses projetos, feitos assim que a policia dominou a favela. As crianças mostraram cambalhotas, estrelas, e tudo mais que se tem direito, mas em momento NENHUM, eles mostraram como é que isso as afastava da criminalidade e do uso de drogas.
Que dizer que se um dia eu precisar roubar pra ter o que comer, é só dar uma estrela que minha fome passa? Vou me lembrar disso quando acordar durante a noite morrendo de fome.
A maneira correta de tirar essas crianças do risco do crime, do trafico e dos vícios, não é ensinando como se fazer uma pirueta, e sim, com cursos que deem a elas uma condição digna de emprego! Não estou desmerecendo a ginástica artística, mas temos que ser realistas, e saber que estamos no Brasil, local onde não se dá valor para atletas! Os poucos que estão sempre na mídia, sobrevivem por culpa dos patrocínios, e não por ajuda da nação.
A matéria seguia, enquanto eu ficava perdido nos meus pensamentos, mas pude ver quando o repórter perguntou para uma jovenzinha:
 - Agora que a policia dominou a favela, você não tem mais medo?
 - Não.
Dominou a favela?! Eles só podem estar de brincadeira. As favelas estarão sempre ali, não importa o que o governo tente fazer. É algo que fugiu do controle faz tempo, e que não tem mais volta. E onde tiver favela, vai ter trafico, bandidos, drogas, etc.! Não que no resto do mundo não irá ter, mas é ilusão pensar que só pela policia estar ali, tudo está seguro.
O governo apoia as favelas, colocando esses projetos, dando rendas, não cobrando energia, aluguel, água, nada. O certo seria usar o dinheiro revertido para esses projetos, para ir tirando o povo desses locais aos poucos, enquanto se estabiliza o país, para que novas famílias não precisem viver na favela. É um caminho longo, mas imagino que é o correto. E aposto que se a política do Brasil não fosse tão suja, e os políticos não fossem tão corruptos, daria para fazer isso e sobraria dinheiro.
Fim da reportagem. Sai de lá abatido. Queria mudar o mundo, mas não tenho forças. Sou apenas um andarilho idealista, que gostaria que o mundo fosse menos cruel com quem sonha em viver um dia, em um mundo onde quem controle as razões, seja somente o coração, e não o bolso.